6 de março de 2008

auto-retrato

Certa vez, perdidos no reino íntimo e húmido do teu quarto agarraste a minha mão com toda a força do teu impulso. Assustaste-me. Puxaste-me para diante do velho espelho do armário de madeira dorida. Lado a lado, obrigaste-me a fixar a nossa imagem, reflectida. Do outro lado, acenavam-nos dois seres aparentemente iguais.
- Vês?- perguntaste-me roucamente emocionado.
- O quê?- retorqui desnorteada pois não entendi o que pretendias.
- A nossa pele resplandece um suave murmúrio de luz...
Apaixonei-me por esse retrato extraordinário.