Seremos gotas da chuva, cinzas, pó, nada irá restar por isso o que mais ambiciono é tatuar, deixar a minha marca debaixo da pele, a tua, a nossa…. Escolhi-te, seleccionei-te, entreguei-me, devastei-me, violentei-me, magoei-te, feri-me, enlouqueci-nos… Eu não preciso que acredites nestes pedaços pseudoliterários, nestas euforias linguísticas quero sim que acredites no meu olhar, nas minhas mãos que te agarram e te procuram, na minha saliva que te trinca, que te saboreia, que precisa de ti sempre…não sei quanto tempo será este “sempre”, espero que o seja muito e muito tempo…Quero que me queiras debaixo da tua carne, dentro dessa maquineta que saltita no interior do teu corpo comandando todas as tuas veias e bombeando todos os litros do teu sangue…Preciso que me queiras alojar dentro de ti exactamente como eu sou sem sombras, sem fantasmas. Sei que eu consigo ser assustadora, ora inocente, ora doce, ora agressiva, ora lasciva, ora louca, ora selvagem, ora moralista, ora exigente, ora acusadora… mas eu não consigo ser de outro modo! Se me queres, vais ter que me ter exactamente assim…
Com todos estes seres que coabitam energicamente dentro do meu corpo descontrolando a minha mente, ferindo por vezes esta minha alminha, tenho uma certeza a de que eu me quero sempre encontrar nesses teus imensos olhos esverdeamente azuis…
20 de maio de 2008
24 de abril de 2008
4 de abril de 2008
Sem título
Nesta existência imprevisível, sobressaltada de pequenos tudos e gigantescos nadas, deambula-se sem saber se conseguiremos o que queremos e se teremos tempo de fugir do que tememos. E de noite tantas vezes se aterra numa sórdida solidão, ardendo-se em desejos e angústias. Loucos? São os que vivem. Néscios? Os que sobrevivem. Insaciáveis? Aqueles que se alimentam pela sede de VIDA. Infelizes? Essa torrente de seres aparentemente vivos que escorregam por essas calçadas no rebolar lento dos dias de mãos dadas às suas lamentações e frustrações.
O mundo tresanda a fraquezas, a medos e a amargas decepções.. Importa COLECCIONAR AÇUCARADAS HISTÓRIAS de todas as nossas viagens, dos caminhos em que felizmente tropeçamos e inalamos indescritiveis odores.. Importa DESPIR OS MEDOS. DERRUBAR AS BARREIRAS DA PELE.. DESFAZER AS GRADES QUE ESCONDEM AS MENTES...DEAMBULAR POR TODO O MUNDO..VIVÊ-LO.. TATUAR...ENCHER A RETINA DE IMAGENS QUENTES, DOCES, FLAMEJANTES, HIPNOTIZANTES...
O mundo tresanda a fraquezas, a medos e a amargas decepções.. Importa COLECCIONAR AÇUCARADAS HISTÓRIAS de todas as nossas viagens, dos caminhos em que felizmente tropeçamos e inalamos indescritiveis odores.. Importa DESPIR OS MEDOS. DERRUBAR AS BARREIRAS DA PELE.. DESFAZER AS GRADES QUE ESCONDEM AS MENTES...DEAMBULAR POR TODO O MUNDO..VIVÊ-LO.. TATUAR...ENCHER A RETINA DE IMAGENS QUENTES, DOCES, FLAMEJANTES, HIPNOTIZANTES...
6 de março de 2008
auto-retrato
Certa vez, perdidos no reino íntimo e húmido do teu quarto agarraste a minha mão com toda a força do teu impulso. Assustaste-me. Puxaste-me para diante do velho espelho do armário de madeira dorida. Lado a lado, obrigaste-me a fixar a nossa imagem, reflectida. Do outro lado, acenavam-nos dois seres aparentemente iguais.
- Vês?- perguntaste-me roucamente emocionado.
- O quê?- retorqui desnorteada pois não entendi o que pretendias.
- A nossa pele resplandece um suave murmúrio de luz...
Apaixonei-me por esse retrato extraordinário.
- Vês?- perguntaste-me roucamente emocionado.
- O quê?- retorqui desnorteada pois não entendi o que pretendias.
- A nossa pele resplandece um suave murmúrio de luz...
Apaixonei-me por esse retrato extraordinário.
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