A primeira vez que A viu, Ela estava completamente ausente embora o seu corpo preenchesse o banco do jardim. Pedacinhos da sua mente tropeçavam na estratosfera entrelaçados às palavras do livro que digeria. Nem notou que Ele a observava com curiosidade de louco. O que mais puxou avidamente olhar d'Ele, foram as suas languidas veias que sobressaíam no manto branco da pele. Apaixonou-se por essa imagem...rios pulsantes de vida percorriam-lhe o corpo arrastando em estado liquido odores de histórias intensamente respiradas. As veias d’Ela agitavam-se assim como se fizessem troça do desejo d’Ele.
O amor pode nascer apenas de uma insaciável curiosidade…
22 de outubro de 2007
11 de outubro de 2007
Armas em punho
Sempre tivemos medo delas...Das palavras. São perigosas, traiçoeiras... Daí que se entenda o trabalho obssessivo das censuras, para não deixar que uma dada palavra escape das malhas da repressão. O uso de certas palavras poderão atingir a consistência de um sistema.
Entre Eles nunca houve palavras interditas: comunista, revolta, liberdade, orgasmo, transe... Têm o gosto infantil de as usar e de as repetir como se fossem eles a inventá-las e a usá-las pela primeira vez.
Mas, foi precisamente por algumas palavras serem tóxicas que se golpearam, encurralaram e envenenaram... Um dia, Ela chegou a desejar que Ele lhe escrevesse um poema de amor apesar de dizerem que os poemas sobre a arte do amor são ridículos e estão fora de moda. Nunca o fez. Ainda bem, talvez porque se realmente ele o tivesse feito, Ela sentiria que o seu amor,ou qualquer coisa de intenso que o liga a si, era pequeno demais para caber inteirinho num punhado de linhas poéticas. E tudo se desmoraria sobrando uma sensação de vazio...Entrega-se à ideia de que o seu amor, ou seja lá o que for de irresistivel que os une é impossível de ser demonstrado com palavras, virgulas, pontos finais e regras gramaticais. A verdade absoluta que impera e que Ela ama religiosamente é o “Nós” que construiram com a argamassa da sua saliva, suor, lençol, pele, carne, mente, nudez, silêncio e sangue.
Entre Eles nunca houve palavras interditas: comunista, revolta, liberdade, orgasmo, transe... Têm o gosto infantil de as usar e de as repetir como se fossem eles a inventá-las e a usá-las pela primeira vez.
Mas, foi precisamente por algumas palavras serem tóxicas que se golpearam, encurralaram e envenenaram... Um dia, Ela chegou a desejar que Ele lhe escrevesse um poema de amor apesar de dizerem que os poemas sobre a arte do amor são ridículos e estão fora de moda. Nunca o fez. Ainda bem, talvez porque se realmente ele o tivesse feito, Ela sentiria que o seu amor,ou qualquer coisa de intenso que o liga a si, era pequeno demais para caber inteirinho num punhado de linhas poéticas. E tudo se desmoraria sobrando uma sensação de vazio...Entrega-se à ideia de que o seu amor, ou seja lá o que for de irresistivel que os une é impossível de ser demonstrado com palavras, virgulas, pontos finais e regras gramaticais. A verdade absoluta que impera e que Ela ama religiosamente é o “Nós” que construiram com a argamassa da sua saliva, suor, lençol, pele, carne, mente, nudez, silêncio e sangue.
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