11 de outubro de 2007

Armas em punho

Sempre tivemos medo delas...Das palavras. São perigosas, traiçoeiras... Daí que se entenda o trabalho obssessivo das censuras, para não deixar que uma dada palavra escape das malhas da repressão. O uso de certas palavras poderão atingir a consistência de um sistema.
Entre Eles nunca houve palavras interditas: comunista, revolta, liberdade, orgasmo, transe... Têm o gosto infantil de as usar e de as repetir como se fossem eles a inventá-las e a usá-las pela primeira vez.
Mas, foi precisamente por algumas palavras serem tóxicas que se golpearam, encurralaram e envenenaram... Um dia, Ela chegou a desejar que Ele lhe escrevesse um poema de amor apesar de dizerem que os poemas sobre a arte do amor são ridículos e estão fora de moda. Nunca o fez. Ainda bem, talvez porque se realmente ele o tivesse feito, Ela sentiria que o seu amor,ou qualquer coisa de intenso que o liga a si, era pequeno demais para caber inteirinho num punhado de linhas poéticas. E tudo se desmoraria sobrando uma sensação de vazio...Entrega-se à ideia de que o seu amor, ou seja lá o que for de irresistivel que os une é impossível de ser demonstrado com palavras, virgulas, pontos finais e regras gramaticais. A verdade absoluta que impera e que Ela ama religiosamente é o “Nós” que construiram com a argamassa da sua saliva, suor, lençol, pele, carne, mente, nudez, silêncio e sangue.

6 comentários:

Mar Arável disse...

registo a visita.

na minha opinião não há verdades absolutas e o amor não sendo da carochinha - é revolucionário.

Repare como é possível

amar uma pedra.

Sopro-te - e voo

hiddentrack disse...

Gosto do que escreves, mas o meu instinto sempre me disse que consegues melhor.

Para mim, este foi o melhor! até agora :)

!saudações noctívagas!

Joana Roque Lino disse...

Olá beija-flor. Obrigada pela visita e pelas palavras. Vejo esque está no início. SEja bem vinda. Um beijo e bom fim de semana.

José Manuel Dias disse...

Como disse um Upanishad: «Estude as palavras encadeadas, com certeza, mas olhe para além delas para as acções que elas indicam; e uma vez encontradas, atire fora as palavras, como a palha depois de peneirado o grão. Estude as ciências (espirituais), domine o seu significado interior; a seguir, tendo feito isso, descarte-se dos livros.»

Feito com o coração tudo é possível*

Anônimo disse...

Os jogos são para quem os sabe e pode jogar. O jogo incestuoso de palavras e páginas inteiras, de delírios insanos, de trocas, de ti ou de alguém...enfim e por fim a vida, a tranquilidade.

Poderá um poema ser tão abrupto? É sempre embalado mas rima também fere.

Lara disse...

já dediquei imensos "posts" essa linda senhora, sereia do mar que enfeitiça os pobres pescadores... como nos contam os belos textos medievos... mas como hoje me sinto prosaica... e é um daqueles dias em que me sinto particularmente blasé, (se pudesse andar na rua de top e shorts, chinelinhos de quarto, de rolinho na cabeça preso com o meu lápis cor-de-rosa seria uma maravilha:)) hoje, como estou sem pachorra para aturar eufemismos de algibeira e foleirices oníricas digo apenas isto: as palavras são armas, o pior de tudo é quando o tiro não é certeiro faz "ricochete"(?) e acerteiam-nos em cheio! pah!..
as palavras são fogo, e eu Às vezes queimo-me nelas e com e com elas! as palavras só são belas quando são ditas e escritas por mim!

p.s. por nós!!
:P

. mas têm de ser sempre verbalizadas, e ditas, para existirem... palavras escritas,... apenas escritam... não são nada... não existem... respondem apenas a um dos nossos cinco sentidos: o da visão. e os demais?
não, as palavras têm de ser ditas. para os ouvidos, a pele, o tacto, palato e olfacto, puderem sentir...

**********só teus