Trancaram a porta. Empurra-a contra os azulejos pardos e puxa-a para si sentindo o seu hálito quente…Imediatamente encosta os seus lábios aos d’Ela abrindo-os abruptamente e enfia a língua sôfrega na sua boca, disposta a lamber, engolir e devorar tudo o que lá encontrasse. Queria sussurrar-lhe, gritar-lhe o que sentia assediar-lhe a mente e o corpo nesse preciso instante através daquele acto inconsequente e húmido. O beijo. Aquele beijo, sua grafia de bocas e copulação primitiva de línguas. Esse ritual onde se misturam as salivas (com seus exércitos de germes) e se cospe por vezes, pedacinhos substanciais das almas dos seres em palco.
Porque o desejo é endovenoso, coagula, aquece e as enormidades das carnes não escolhem espaços, logo as mentes e as carnes se precipitam em direcção ao prazer... Adulteram-se os olhos, incendeiam-se aguadas as peles com aquelas artérias inchadas e palpitantes que imploram: "Bite-me, please bite-me and don't stop!".
Lá fora, entre o tilintar de copos, as fumaças de cigarros sonolentos e odores de corpos suados e abusados nesse café do fim da rua, ele esperava-as impaciente entregue ao eterno dilema de “Porque razão é que Elas vão sempre juntas à casa de banho?!"
5 de novembro de 2007
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Um comentário:
Muito bom.
Podes mandar vir mais destes!
Mais pormenores são bem-vindos... :)
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